Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens

13.8.09

Ai,ai...e agora, Ana?

Ai, ai… e agora, Ana?

A funcionalidade do nosso corpo torna-se uma coisa absolutamente incrível quando somos obrigados a parar e a pensar sobre coisas tão simples como: andar, subir ou descer umas escadas (neste momento, por exemplo faço isto de rabo; moro numa vivenda: ao todo são 53 degraus), comer, ir ao WC (o difícil que é!!! E devido á medicamentação estou a beber 2 litros de água por dia!). E isto tudo só porque dei cabo do meu joelhinho e não posso colocar a perna no chão ( só de forma virtual segundo o conselho do médico) durante SEIS semanas!!!

E agora, Ana?
Agora, pois…é terrível! Estou completamente á mercê destes dois que vivem comigo, que me cobram por cada pedido que faço com um sorriso nos lábios (que ainda não percebi se é de gozo, de satisfação ou de pura maldade), porque sem eles não consigo comer, porque não me posso levantar aqui do sofá; não consigo beber água, porque sem eles não há garrafa que saia do frigorífico e venha ter comigo com um simples estalar de dedos (uma boa ideia! Haverá por aí algum inventor que queira testar qualquer coisa deste género? Eu coloco-me á sua disposição); sem eles estou estas 6 semanas sem tomar banho (hummmm…era um bom castigo para sentirem o meu odor corporal a aumentar dia a dia, ao ponto de terem que tomar medidas drásticas de asseio sem eu ter que fazer beicinho e pedir: podem dar-me banho, por favor? Vou pensar nisto!) se não lhes pedir; sem eles, não tenho o computar aqui para poder escrever os meus desabafos ou manter-me em contacto com todos os meus amigos que são fantásticos e me mandam mail’s incríveis que me fazem rir á brava; estou literalmente de pés e mãos atadas!!! (porque até as mãos quando me levanto estão ocupadas com o andarilho que me ajuda a percorrer o único percurso que estes dias eu tenho feito: da casa de banho para o sofá e do sofá para a casa de banho; são uns minutos de incrível sacrifício; agora imaginem-se a fazê-lo com a bexiga quase a estourar!). Sou prisioneira na minha própria casa e vítima de maus-tratos psicológicos por parte da minha filha e marido!

E agora, Ana?
Agora, pois…é terrível! Entre o acordar ás 7h30 (eu sei que estarão a pensar, tão cedo!!! Eu também acho mas se não comer a essa hora, a hora em que o meu marido me dá o pequeno almoço antes de ir trabalhar, só volto a ter oportunidade de o fazer á hora em que a minha filha se levanta que nunca é antes das 12h00 onde estarei muito mais receptiva ao almoço. Lá atrás eu referi os tais maus tratos, lembram-se?) e o deitar (bom, deitada estou sempre, ou sentada…) ás 23h00, o meu dia é passado frente a dois ecrãs, este e o da TV, com os telemóveis aqui ao lado, os comandos (este poder é interessante, o poder do comando!!! Pelo menos este eu tenho, bom, enquanto estou sozinha…) e o menu do restaurante para encomendar as refeições a serem entregues ao domicílio. (as coisas que descobri na Net…são absolutamente impressionantes. Já estive tentada a contratar uma cabeleireira ao domicílio que as há! Há, há! Mas aí pensei que depois ela iria perceber as condições vis em que eu vivo, faria queixa a qualquer instituição de apoio á vitima e até que esta me retirasse do meu contexto familiar, eu estaria absolutamente feita, com estes dois autênticos carrascos que me azucrinam o dia a dia…quem sabe, se eu não seria notícia destacável do Correio da Manha, tipo “ Mulher incapacitada vítima da sua própria família”).

E agora, Ana?
Agora, agora é aguentar até ao meu limite, fazer beicinho e colocar aquele ar de infeliz quando necessário e esperar que o tempo passe depressa por que a vingança, a vingança meus caros, serve-se fria!


PS: A todos aqueles que se encontram nas mesmas circunstâncias seja de forma temporária ou definitiva, a todos vós, eu tiro o chapéu!
Ao meu marido e filha, obrigada. Eu amo-vos do fundo do meu coração…

24.7.09

Ai...ai...os eagles e a minha idade!!

Ai...ai...os Eagles e a minha idade!!

Quando a minha filha era pequena e a levava ao pediatra, nas consultas absolutamente rotineiras que nos primeiros meses eram mais assíduas e mais tarde mais esporádicas, recordo-me de um determinado dia de consulta, já mais espaçada no tempo, o pediatra ter comentado, mal ela entrou no consultório, comigo pela mão ( Sim. Comigo pela mão; nós achamos que não, mas desde que nascem, são de facto os nossos filhos que nos levam pela mão; andamos sempre atrás deles; quando correm, quando exploram o espaço circundante, quando apontam e os levamos para esse indicador de direcção, quando vão para a escola, depois liceu e por aí adiante...):
“- Estás enorme!!! Não tenho filhos e cada vez que vejo os filhos dos meus amigos ou então estes meus pacientezinhos , reparo o quanto estou, mais velho!!”

Pois... conscientemente, não temos a noção dos anos passarem por nós. Lidamos todos os dias ao espelho com uma imagem que se vai alterando ano após ano, de forma gradual. Olhamos os nossos amigos e pensamos, ( sim, ficamos só no pensar porque se o falamos vai parecer indelicado...) “Meu Deus, está tão envelhecido...o tempo deixou marcas no rosto, no diâmetro da barriga...ai...ai” e continuamos “ eu estou muito bem...nem pareço da idade dele...” Enfim...aos nossos próprios olhos, alteramos muito pouco. Apesar de me olhar todos os dias ao espelho e achar que ainda não estou parecida com a minha mãe, ( tenho presente uma passagem do livro O amor em tempo de cólera de Gabriel Garcia Marquez em que a determinada altura o personagem Florentino Ariza reconhece que está a ficar velho quando se olha ao espelho e nota que está cada vez mais parecido com o pai) bom, sempre disseram que sou muito mais parecida com o meu pai; não sei se para o efeito é bom ou mau, mas enfim; reconheço que alguns anos já passaram por mim. Não interessa quantos. A minha filha todos os dias me lembra isso, com um simples bom dia. Ela é a prova mais que provada, que os anos passaram. Já tem 20 anos. Mas, fica tudo no ar de forma velada...

Só que, ás vezes, acontecem momentos que nos mostram o passar dos anos, de uma forma clara e aí pensamos: “ai...ai...como o tempo passou e eu estou mais velha!”

Na última quarta-feira, tive um momento desses.

Vi um concerto fantástico. Gostei, francamente. Os EAGLES: Saudoso Hotel Califórnia ( ouvido em 78/79 para lá da madrugada, á volta de um aparelho de cassetes portátil, em que toda a gente sabia a letra, numa qualquer rua da Aroeira com nome de pintor ,quase até ao nascer do dia, que o meu pai não era para brincadeiras e quando ele chamava, era um corre, corre até á porta de casa...) o Take it to the limit ( que era o que mais queríamos fazer naquela adolescência vivida no tempo certo, sim, porque hoje, os jovens, prolongam-na mais e, chega a ir até aos 29 anos...) o Desperado, (que era como eu ficava quando o meu pai gritava o meu nome ás altas horas da noite, no silêncio incómodo, próprio das madrugadas). Absolutamente fantástica esta noite de um rewind de memórias, saudades e uns fortes ais...
Os anos passaram, mas a qualidade das vozes quase que nos parecia a mesma de há trinta e tal anos atrás. A música é de facto intemporal. Acredito que também daqui a trinta anos, a minha filha, que estava connosco no concerto, vai ouvi-la, lembrar-se e continuar a gostar do som.
Um público, maioritariamente da minha idade, sem dúvida, fez-me olhar ao espelho e admitir que de facto estou mais velha, sem ser preciso ver-me parecida com o meu pai ou com a minha mãe, tal personagem de ficção...

A senhora ( sim, senhora, dantes seria "a jovem"...) ao meu lado, vestida a condizer com o momento, já não anda de calças de ganga, gastas e sujas de tanto se arrastarem no chão a curtir um som e um momento; O senhor,(sim, senhor, dantes seria "o jovem") duas filas acima, que constantemente dava mostras de uma noite memorável ( acredito que deve ser um fã incondicional...) e arrastou a mulher - pelo rosto só podia ter ido arrastada - (deduzo que fosse um casal porque o público ia maioritariamente aos pares. Eu, era um triângulo: o meu marido, a minha filha e eu... ) também ia vestido de forma informal e, provavelmente, seria aquele que contestava o momento em plenos anos oitenta ao andar de cabelo comprido e charro ( não sei se na altura se chamaria assim, sinceramente não me lembro J) no bolso. Enfim...
Eu, a determinada altura, levada pela emoção, num momento de puro êxtase ao embalo do som das guitarras enquanto ouvia o Hotel Califórnia, arrisquei e comentei com a minha filha: “ Bem filha, o que eu curti com o teu pai, ao som desta música...” e ainda acalentada pela lembrança, levei de rajada:” Por favor, mãe, poupa-me a esses pormenores”...

ai...ai... o tempo voou... e eu...enfim, eu, I can tell you Whi ...

19.7.09

Amor estranho...

Meus olhos, cansados de não brilhar,
Procuram a medo o teu rosto,
Derretidos pelo calor, talvez por ser Agosto,
E cerram-se fixos e carentes no teu olhar.

Meus lábios, secos e frios de procurar,
Algo doce e terno com sabor a mosto,
Quedam doentes e isentos de gosto
Do mel e do fel do teu amar.

Por uns segundos vazios de dar,
Por uns instantes crus de dor,
Eu peço, eu quero acreditar

Que nesse teu tão estranho amor,
Mesmo que não o queiras aceitar,
É o meu nome, que chamas, com fervor.

De mim... para si

Não sei se é desalento,
Se o que sinto é um lamento
Que me corrói e abate
nesta tristeza permanente

Que às vezes fica...
Às vezes parte...
E outras destrói...
E dói...
E faz-me triste...
E choro...
Não sei porquê...
Ou talvez saiba...
E choro...
O sabor das lágrimas,
Não o sinto.
O correr das lágrimas,
Não o pressinto.
Mas choro...
Não entendo...
Não compreendo...
Olho-me ao espelho...
Se, ao menos, eu soubesse porque entristeço!
Se, ao menos, eu soubesse porque choro!
Talvez o entendesse!
Talvez, finalmente, entristecesse!
Talvez aceitasse esta dor que aperta,
E, às vezes, mata!