29.7.09

... ainda no registo dos ais e, ainda os Eagles



Não que eu me repita no tema deste meu desabafo, de todo. Mas, aquele encontro comigo própria ( não que eu não tenha já tido alguns, note-se!) sem ter necessidade de me olhar ao espelho, trouxe-me outros olhares sobre esta etapa da minha vida.

Os meus quarentas e tais (ai..ai..) trouxeram com eles imensas coisas: umas boas, outras menos boas mas, quaisquer uma delas de um ensinamento e aprendizagem absolutamente únicos. Acredito ou, pelo menos, quero acreditar que de uma maneira ou de outra, todas as mulheres sentem o mesmo que eu. Os nossos 40 e tais (ai..ai...) não são, de forma alguma, os 40 e tais das nossas mães, muito menos os das nossas avós. Nisso, estamos a ganhar; e damos a ganhar aos produtos sem fim que oferecem “milagres” em troca de uma nota choruda ou, aos cirurgiões plásticos que todos os dias descobrem ou apresentam soluções para as rugas no sítio x e local y, para as gorduras instaladas, onde eu, aos meus 20 anos, ( viram, como os Eagles tinham que estar por aqui) jamais pensei haver hipótese de naquele sítio surgir algo mais que não uns beijos da boca por nós eleita, doce e tremendamente excitante, enfim...De uma forma ou outra, estamos de facto a ganhar ás gerações antigas.
Percebemos e damos importância ao que nos aconselham sobre uma alimentação saudável e, ao exercício físico que é importantíssimo, não só para manter a linha como também para ajudar a preservar a nossa saúde e bem estar que naturalmente prolongam os nossos anos aqui por este mundo ( as revistas apregoam a toda a hora a existência de outros mundos, não se esqueçam...); os orgãos de comunicação bombardeiam-nos a toda o momento com soluções únicas e fantásticas para os males que nos assolam o físico, ( sim, porque os males da alma são outros e esses não se tratam nem com produtos naturais, nem com produtos químicos, nem com soluções rápidas e eficazes; não, não se tratam e eu sei bem do que falo!) porque tudo o mais, não interessa; e nós, ilusoriamente, vamos achando que tudo resulta, tudo nos faz sentir mais novas e sendo assim, ficamos cá por este mundo ( não se esqueçam de outros que por aí proliferam...) mais tempo do que é esperado e continuamos fisicamente lindas de morrer... Será??
Pois, não sei...eu até já leio que através da técnica x,p,t,o, posso ser mãe aos 60/70 anos... ( que arrepioooooo imaginar-me com 80 – se for mãe aos 60 – num concerto intergaláctico com a minha filha de 20 anos ao meu lado a comentar “ ai filha, o que eu curti com o teu pai, ai....será que era o teu pai? Ou foi com o pai da outra? Ou com o pai da tua amiga? Ou com a mãe do teu amigo...como estou perdida...” e ela responder-me: “ Oh...mãe, poupa-me a esses pormenores. Mas já não te tenho dito tantas vezes para andares com a memória de substituição agregada ao teu relógio electrónico?!?!?” Ai...que arrepio, só de imaginar...)

Bom, seja como for, eu quero deixar bem claro que não sou, de todo, contra qualquer forma de minimizar efeitos que não sendo essenciais, são pelo menos mentores de um bem estar psicológico e só por isso, é claro que valerão a pena, desde que haja sempre o bom senso de quando, como e onde aplicá-los.
Inevitavelmente o nosso interior vai envelhecendo gradualmente e nós, só temos que o aceitar e vivê-lo da melhor maneira.
Tendo consciência que uma noite de farra (comedida, como é óbvio....não se esqueçam, a idade já não me permite determinadas aventuras...) bem vivida, vai custar-me dois dias de rabugice, dores de cabeça e falta de pachorra para uma série de coisas, permite-me , pelo menos, aceitar o inevitável de uma forma moderada e, tranquilamente, fazer esta linha de pensamento:” No problem. Senta-te e espera que a “ressaca” passe...”

Nessa tal noite ( gloriosa, para mim...) famosa dos Eagles, deitei-me eram quase 3 da manhã ( o concerto acabou mais cedo. Eu e o meu marido já sem a minha filha, prolongamos foi a noite um pouco mais, recordando outras músicas também fantásticas...). Já quase a nascer o dia, fui acordada por “aquela” coisa que nós quarentonas (ok...ok...aquelas já mais perto dos 50) tememos e trememos (e não de frio, garanto-vos!) só de pensar nisso: os ditos “afrontamentos”. Terríveis!!! Deixam-nos encharcadas e não é de prazer, garanto-vos. Enquanto começou de mansinho e atingiu o pico máximo, fui tendo tempo para me lembrar daquela senhora duas filas abaixo, no concerto, que a determinada altura quase se despiu toda ( estou a exagerar, óbvio...) e puxou de uma forma firme e sofisticada o leque da loja do chinês, (que esse sim, eu não achei piada nenhuma tal era o mau gosto das imagens que o preenchiam; mesmo á media luz, deu para ver garanto-vos!) e abanou-o com tal intensidade, que eu acho que mesmo estando as tais 2 filas acima, senti um leve fresco pelos meus cabelos. Ainda incomodada por tal imagem e completamente despojada de roupa da cama por cima do meu corpo, dei cotoveladas ao meu marido e disse-lhe em tom firme e sofisticado, mesmo aquela hora da manhã: “ Seja! Eu aceito o inevitável dos afrontamentos, mas assim como assim tenho que os viver de forma elegante, por isso não esqueças, mais logo, no intervalo das duas reuniões diárias, arranja forma de me ires comprar com urgência o tal leque Louis Vuitton, que eu sei que saiu com edição limitada, se faz favor.”
Não sei se ele rabujou ou ressonou. Só sei é que aqui, mesmo ao lado do computador onde escrevo este meu desabafo, reside de forma tímida, desde há uns dias para cá um leque, que pelo toque e design parece-me mais material do chinês do que outra coisa mais sofisticada...

ai...ai... o tempo voa... e eu...enfim, eu, I can tell you Whi

2 comentários:

  1. Como sempre divirto-me imenso ler os teus textos... tocam-me de formas diferentes, uns riu outros tocam lá no fundinho dos fundinhos e aí já trás a lágrima aos olhos, mas o que interessa aqui é o quanto gosto daquilo que escreves. Podes continuar.
    Um abraço forte - Gosto de ti porra (Bem alto) ;)

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  2. Muito bem Aninhas!!!
    Mas que pinta de espaço...
    Voltarei em breve com mais tempo.
    Beijinhos :))))

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